quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Crônica: Mulher da boca vermelha.



Fraca. Se Helena pudesse ser descrita em uma palavra, esta seria "fraca". Branca demais, magra demais, indefesa demais. Às vezes tinha a impressão que seus próprios passos poder-lhe-iam quebrar as pernas. Era de longe a ponta mais fraca da corda, apenas esperando que alguém viesse cortá-la. Não falava, não sorria, não amava, mas escrevia. Enquanto caminhava com suas pernas finas e brancas pela rua, olhando para a ponta de seus sapatos, em sua mente podia enxergar centenas de palavras alvoroçadas para saírem. Implorando para que fossem libertadas. No mundo real Helena sabia que não tinha chance de mostrar a todos a grandeza da sua dimensão paralela, então apenas se calava e escrevia. Em seu interior havia uma dominadora que organiza e manuseava letra por letra, obrigando-as a se encaixarem e formarem a história que ela precisava contar, nem que fosse pra si mesma.

Nunca teve ponte com o mundo real, nunca quis fazer parte deste lugar. Sentia-se descartável. Não tinha país, irmãos, amigos, e seu único contato com o amor era o que inventava e datilografava em sua máquina velha. No entanto mesmo com toda essa aversão, queria deixar seu legado. Nas poucas horas em que passava longe daquela velha máquina, se questionava quanto a existência de alguém semelhante a ela no mundo. Olhava para cima e procurava por alguém que partilha-se dessa mesma fissura de querer estar dentro de si, no próprio reino. Talvez um garoto, ou uma futura geração de sua própria família; Talvez alguém que falasse outro idioma, em outro fuso-horário. Independente de como ou quando encontrasse, sabia que encontraria, e então escrevia. As vezes por mais de oito horas, até que seus dedos inchassem e calejassem. Queria deixar sua marca na história, queria ter uma história, ou várias. No final de cada obra fazia questão de pegar o batom vermelho, aquela única lembrança que havia sobrado de sua mãe já falecida, e o passava cuidadosamente pelos lábios sempre pálidos. Segurava o papel como quem segura a vida e o beijava delicadamente. Como se entregasse parte de sua alma e todo o seu amor. História por história. Pilha sobre pilha, até o fim de sua vida. 

Os escritos de Helena nunca foram editados, publicados, ou reconhecidos como obras de arte e grandes contribuições para a literatura do país. Mas foram encontrados... Por mim, em uma pequena casinha abandonada. Papéis amarelados, paredes úmidas, insetos ameaçadores por todos os lados. Definitivamente não havia sopro algum de vida naquele lugar. Apenas histórias datilografadas, rabiscos pelas paredes e uma velha máquina de escrever de cor verde que agora possuía ferrugem e teias de aranha. 

Gosto de imaginar que ela está compactada em suas histórias, esperando que alguém apareça e leia seus escritos, compreendendo sua complexidade, amando-a e fazendo-a se sentir viva como nos contos que escrevia fervorosamente. Vibrante como o contorno de sua boca avermelhada, que a fazia se sentir pela primeira vez forte, pela primeira vez como um personagem real. Era Helena, não de Troia, nem de Esparta, nem de nenhum outro homem, era apenas Helena. Helena dos livros, era a Helena senhora de si mesma.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013














Trabalho análogo ao escravo – Medidas preventiva 

Situação: Em meado de agosto do ano passado a MRV Engenharia, a maior construtora e incorporadora do país em seu segmento e uma das maiores parceiras do Programa Governamental Minha Casa, Minha vida, teve uma queda em suas ações que chegou a 5% e uma multa por danos que chegou a R$ 10 milhões de reais por ter seu nome incluso em um cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo, administrado pelo Ministério do Trabalho.

O cadastro foi instituído pela portaria interministerial 2/11, e em sua última atualização realizada no dia 28/12/2012 cerca de 410 pessoas físicas e jurídicas foram flagradas cometendo infrações contra os trabalhadores. A inclusão do nome do infrator no cadastro ocorre após decisão administrativa final relativa ao auto de infração, lavrado em decorrência de ação fiscal, em que tenha havido a identificação de trabalhadores submetidos a condições análogas à de escravo. 

Durante o período em que os empregadores então com o nome no cadastro não recebem financiamento com recursos públicos, e acabam em muitos casos, como o da MRV Engenharia, acarretando uma série de conseqüências gravíssimas, bem como exposição popular, constrangimento perante a opinião e administração pública sem pautar os prejuízos irreparáveis de ordem econômico-financeira. 

Legislação: Artigo 149 – Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregado ou preposto:

Pena – reclusão de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Parágrafo primeiro – Nas mesmas penas incorre quem:

I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador com o fim de retê-lo no local de trabalho.

Parágrafo segundo – A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:

a- Contra criança ou adolescente;
b- Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.


Proposta: Como explanado a cima uma ação contra determinada empresa com alegação de trabalho análogo ao escravo, pode render prejuízos incalculáveis e extirpar a boa imagem de uma empresa. Pensando nisso, creio que seja de extrema importância fundar uma espécie de assessoria com a finalidade de orientar nossos clientes empregadores, para que eles tenham mais segurança quanto à relação empregador/funcionário, poupando-lhes de contraírem tamanhos problemas.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Desneurando: Garotas imortais.



Quando eu era criança, todas as tardes após a escola eu costumada me sentar em um pequeno sofá cor de rosa - escolhido pela minha mãe especialmente para mim - e assistia todos os dias a um filme diferente. Dentro da minha pequena e preciosa coleção estavam os clássicos e mágicos "Bonequinha de Luxo - 1961", "Uma linda mulher - 1990", "Material Girls - 2006", "Moulin Rouge - 2001" entre muitos outros filmes épicos. O que tudo isso tem haver com o post de hoje? É que ontem quando estava no fundo de uma depressão absoluta, regada a chocolates e lenços com caixinha colorida e estampada, enquanto me deleitava com a diva Marilyn Monroe no grande sucesso " Os homens preferem as loiras", me dei conta de que o que fascinava naquele universo paralelo de jóias e sapatos, compras na Gucci, Prada, e diversas outras lojas nada populares, não eram esses atrativos combinados a mulheres lindíssimas que arrancariam suspiros até mesmo do Dalai Lama. O que me hipnotizada e me fazia por segundos velejar em pleno asfalto era a confiança e quantidade de amor próprio que esses ícones eternos me passavam. 
Estamos em uma era de coisas rápidas e descartáveis. Um tempo em que os homens estudam noções básicas de psicologia para encontrar formas cadas vezes mais sutis e cruéis de quebrar o coração de uma garota. Somos substituídas, traídas, humilhadas, e descartadas como uma bolsa velha cuja qual a alça estourou. Independente de por quantos momentos você tenha se mantido fiel e linda, sua hora vai chegar, é trágico, no entanto verídico. Amamos, compartilhamos, desmoronamos, choramos e engordamos; Esse é o destino trágico de nós mulheres, que conseguimos domar a selva de pedra, fincar nossas bandeiras no mundo dos negócios, e mesmo assim continuamos incapazes de domesticar estes previsíveis e pouco inteligentes seres de duas patas e duas cabeças.  
O meu conselho é que você, mulher, se valorize. Antes de se quer cogitar em dar um presente, se presenteie. Antes de amar outra pessoa, se ame, antes de entregar seu coração, tenha a compreensão que pode não ser recíproco. Sinta, goste, se divirta, mas saiba a hora de parar. Por que um relacionamento com sigo mesma é o único, eterno e verdadeiro possível de se ter nesta vida. 


Uma garota sábia beija mas não ama, escuta mas não acredita e parte antes de ser abandonada.

Marilyn Monroe

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Na faculdade: O trade dress e a lei da propriedade industrial na atualidade.



O Conjunto de imagem, conhecido popularmente pelo termo em inglês trade dress, consiste em um conjunto de características, que ajudam a compor a figura de uma marca, podendo incluir, um esquema de cores, formato de embalagem, configurações do produto, sinais, frases, fontes de letras, texturas, ou ornamentos em geral, que são capazes de identificar um determinado produto, e diferenciá-lo dos demais. 

É comum encontrar dentre o meio do comércio empresas menores que tentam usufruir indevidamente de uma marca de porte maior, utilizando-se de uma cópia sutil, plagiando aspectos elementares para o reconhecimento de determinada marca. 

Essa vértice do direito, diga-se de passagem, ainda muito recente, tem como fim a proteção do conjunto da imagem, mas encontra diversas barreiras por se tratar de uma área considerada nebulosa, pelo fato de não haver uma legislação própria que resguarde o conjunto da imagem como um todo. 

As ações judiciais referentes ao conjunto de imagem tornam-se cada vez mais freqüentes no Brasil, e em sua grande maioria estão relacionadas aos produtos farmacêuticos, seguidos por cosméticos e bebidas. 

Segundo a Lei 9.279/96 que regula sobre a propriedade industrial, se o conjunto da imagem em si não estiver registrado na forma de marca, e for imitado, o mais adequado seria uma ação fundamentada com base nos conceitos da concorrência desleal. No entanto, com a ausência de uma legislação discricionária quanto à proteção do conjunto de imagem, torna-se subjetivo ao juiz julgar procedente ou não determinada ação. De modo geral os tribunais levam em consideração a classe do consumidor para qual o produto é direcionado. Resultando em uma insegurança por parte das empresas quanto à proteção do trade dress. 

Notoriamente ainda há muito o que desenvolver quando se fala de propriedade industrial no quesito de conjunto de imagem. O primeiro passo para este progresso é a explanação dessa área do direito e a discussão sobre o que deve ou não ser considerado crime quanto a este tema. Devemos encarar a réplica indevida de determinado padrão como uma violação gravíssima contra o direito da propriedade industrial de forma geral, e do ainda não previsto em lei, conjunto de imagem.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Crônica: Longe para todo sempre.



Era Julho, mês de férias...Quando tudo pode acontecer. Por mais incrível que pudesse ser se aventurar na estrada rumo a uma cidade maravilhosa, por mais excitante que fosse o inesperado, algo em mim estava amargo. Desde a partida, desde o momento em que deixávamos para trás as luzes de São Paulo em uma madrugada qualquer. 
Embaixo do cenário fantástico aonde antes trocávamos juras de amor, desça vez existiu apenas um silêncio agonizante. Estar ao seu lado sempre foi motivo de alegria, mas não desta vez. A sua simples presença me cortava como estilhaços de vidro e eu nem podia te explicar o porque. Naquele tempo eu já sabia que era o começo do fim, nós só não havíamos nos conformado com isso ainda. 
Hoje, muito tempo depois, mesmo querendo com toda força, eu não consigo me lembrar da dor, do amor, ou de qualquer outro sentimento referente a você. Eu construí sozinha uma muralha troiana com cada pedra que você atirou em mim. Agora você não passa de uma música ruim, da qual eu me esqueci a letra, completamente sem melodia. Você! Como eu posso considerar trazer de volta quem me trouxe tanta dor e sofrimento. Por questão de honra eu deveria arrancar seu coração com as mãos e quebra-lo em partes, semelhante ao que você fez com o meu orgulho, meu amor, e minha confiança. Mas não... Minha honra será lavrada com as minhas conquistas e não com os meus maus feitos sobre você, ou sobre qualquer um. 
Então, no que se diz respeito a todo o mal que você causou, eu te perdoo, por que sei que a pena de se olhar no espelho depois de tanto mal, será muito intensa e comprida. Apenas peço que se afaste, e que não perca seu tempo ou seu orgulho vindo atrás de mim... Eu te avisei que este dia chegaria, mas quando eu te disse você estava ocupado demais olhando para os lados. 
Viva a sua vida, seja livre e lhe desejo tudo de bom, porque eu sem dúvida estou livre, vivendo a minha, com tudo que pode haver de melhor nesse mundo. 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Desneurando: Crimes horrendos, penas cruéis.



Entidades que compõem o Fórum da Questão Penitenciária denunciaram o Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA, pelas más condições do Presídio Central de Porto Alegre, na capital gaúcha. A denúncia aponta a precariedade das instalações, a falta de saneamento, a superlotação da população carcerária e a "perversa relação de comprometimento entre os detentos do presídio".
Os denunciantes querem que a OEA pressione a União para intervir no Estado visando à correção dos problemas, identificados desde a época da CPI do Sistema Carcerário, da Câmara, que classificou a unidade prisional como a pior do país.
Em novembro passado, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reconheceu a situação crítica dos presídios do país e disse que preferia a morte a uma longa pena no sistema prisional brasileiro. "Se fosse para cumprir muitos anos em uma prisão nossa, eu preferiria morrer", afirmou Cardozo, em durante um encontro com empresários paulistas.
Segundo a Ajuris - Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, uma das entidades que integram o Fórum da Questão Penitenciária, o presídio de Porto Alegre, construído em 1959, tem capacidade para 1.984 presos, mas abriga 4.086. Entre as 20 medidas cautelares propostas pelas entidades está o pedido de separação dos presos provisórios daqueles já condenados.
Na última terça-feira, 8, após reunião com o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, na qual avaliaram a situação dos presídios brasileiros, o ministro da Justiça reafirmou a meta do governo de criar 42 mil novas vagas do sistema prisional ao longo dos quatro anos do mandato da presidente Dilma Rousseff, ao custo de R$ 1,1 bi, mas admitiu que o número será insuficiente para suprir a carência de vagas.

Opinião: Quando ouvimos ou vemos as mídias brasileiras noticiarem um crime, quase que instantaneamente nos indignamos. Tudo bem, é natural do ser humano sentir empatia decorrente de comoção e revolta em casos de crimes cruéis e desumanos. Mas não deveríamos sentir revolta ao verificar as condições desumanas em que o sistema carcerário brasileiro se encontra? É dever da União, em face do poder judiciário sentenciar os infratores e criminosos as suas penas pertinentes. Sentenciados, cessa a partir daí, o poder do Estado de agravar a pena ou torna-la cruel. Está previsto constitucionalmente que tão crime quanto cometer um crime é punir o infrator com pena desumana. 
Tratando-se de uma realidade pouco vista em que em penitenciárias femininas, as mulheres clamam todos os dias por mais pão, para utilizarem como absorvente intimo, uma vez que o sistema prisional fecha seus olhos para as necessidades humanas de subsistência, fica claro que mesmo sem pena de morte o Brasil atual sentencia seus criminosos a penas terríveis e inescrupulosas, totalmente contraditórias a um país que constantemente julga-se em desenvolvimento. 
Como na essência, não devemos nos esquecer de que as instituições carcerárias tem como finalidade primordial resguardar o individuo de sua vida em sociedade até que ele se encontre recuperado para retornar ao convívio social sem oferecer risco nocivo a qualquer um que seja. No entanto, nos deparamos com escolas do crime que se tornam incontáveis vezes piores do que o crime encontrado no meio social. O Estado deve mudar sua forma de ver e tratar a população carcerária deixando de ter o propósito de punir e castigar para recuperar e ensinar. Ao meu ponto de vista, vejo apenas esta medida como solução eminente para um problema que cresce em números alarmantes diariamente. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Desneurando: Boa ação seguida de organização.




Com a chegada do ano novo, renovam-se os ânimos e explodem chuvas de promessas para cumprir durante o novo tempo. Emagrecer, poupar dinheiro, estudar mais, aquela promessa de aquisição que você namora a meses; Eu, particularmente coloquei no topo da minha lista de promessas ser uma pessoa mais organizada no decorrer deste 2013. O primeiro passo para tornar real a minha promessa de organização foi me livrar de tudo que já não tinha utilidade, não servia, ou coisas das quais simplesmente eu gostaria de me desfazer. Acho que conforme o tempo passa, a personalidade muda, assim como as nossas prioridades e vontades. Sendo assim, me livrei de grande parte das roupas, acessórios de decoração e objetos em geral que já não se encaixavam nessa minha nova fase. 
Para começar essa revolução dei uma volta pela cidade procurando entidades que aceitavam doação de brinquedos, roupas, e etc, para que as minhas coisinhas antigas pudessem animar ou ajudar outras dezenas de pessoas. Por fim, encontrei uma creche comunitária em que uma senhora bem simpática me informou que eles aceitavam todos os tipos de doação, pois eles revendiam tudo para conseguir manter a creche funcionando;  Não preciso nem falar, que não pensei duas vezes antes de decidir que seria ali que eu despejaria meu acervo de lembranças antigas. 
No sábado de manhã, acordei com sede de mudança, tomei um café da manhã bem reforçado e logo comecei a pegar no batente. Não houve um canto, uma caixinha, uma repartição do meu quarto em que eu não mexi, ou separei algo para a doação. Foram toneladas de papel, roupa, bijuterias, ursinhos de pelúcia, sapatos, maquiagem, e mais um zilhão de coisas. Por fim, quando terminei, me sentei na porta do quarto e percebi que aquela atitude mesmo que pequena, foi a melhor terapia para mim em séculos. Foi como literalmente abrir a porta para as novidades da vida entrarem. 
Quando tudo estava terminado, percebi que a partir daquele momento em que tudo estava organizado da maneira que eu decidi, eu poderia ser e ter o que eu decidisse, como se uma etapa da minha vida se acabasse ali, dando espaço para a próxima, com novas roupas em novos momentos, mais lembranças, mais presentes, mais histórias para contar... histórias que ficaram guardadas no meu baú da memória, renovam-se  de ano em ano, até o fim.
Após toda essa faxina física e moral fui ao shopping comprar alguns apetrechos que eu usaria agora nesta nova fase, e uaaau... a tempos não me lembrava de como era bom planejar e executar essas mudanças, que mesmo pequenas e simplórias dão um gás a rotina. 

Tendo em vista todas essas mudanças, consultei a internet para procurar algumas dicas de como manter essa minha nova organização "organizada" e olhem só que bacana o que eu encontrei...

- Leve esse pensamento adiante. Toda vez que vir algum objeto fora do lugar porque ele simplesmente não tem lugar em casa, pergunte-se se ele não poderia ser exposto e utilizado na decoração. Muitos decoradores fazem isso com malas antigas, cadeiras, chaleiras, vasos, bonecos etc.


- Nunca mais deixe de pagar uma conta porque não sabe onde a colocou! Tenha em casa uma única pastinha onde você guardará todas as contas a serem pagas. Você pode deixá-la na entrada de casa ou no carro, ou na bolsa. Quando pagar, arquive corretamente. Deixando suas contas a pagar em um único lugar, você economiza tempo e não perde prazos.


- Quer ter uma casa organizada? Destralhe-a antes. Doe, recicle, dê de presente, venda, jogue fora tudo o que você não usa ou não ama. Tenha em casa somente aquilo que tem valor para você, e verá como ficará mais fácil colocar tudo no lugar.



Espero que tenham gostado do post. E vocês quais são as suas promessas para 2013? Como vocês fazem para manter a casa/ quarto organizados?

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Espaço Literário: Descrever para emocionar.


A capacidade de descrever é tão importante na comunicação que Pascal chegou a dizer que 'eloquência é a pintura do pensamento'. Ou seja, segundo o grande pensador, é eloquente aquele que com as palavras consegue pintar o quadro que está em sua mente.
Os grandes oradores, de maneira geral, possuem extraordinária habilidade para descrever cenas reais ou imaginárias. É assim que envolvem ou persuadem os ouvintes.
Waldir Troncoso Peres, um dos mais extraordinários oradores da história do Direito do país, quando compareceu à conclusão de um dos nossos cursos de expressão verbal, falou sobre a importância dessa habilidade na comunicação.
Ele comentou que o poder de descrição usado pelo famoso advogado criminalista italiano Enrico Ferri era tão eloquente que quando descrevia uma locomotiva atropelando uma criança, os ouvintes se levantavam com a impressão de que a máquina estava atravessando o plenário.
O próprio Troncoso Peres sempre foi um orador eloquente também pela habilidade com que descrevia cenas ou as criava na imaginação do público. Ao falar da sua paixão pela advocacia, descreveu o fato com tanta expressividade que deu a impressão de que era perseguido, agarrado e quase sufocado por sua atividade:
- Porque quando eu estava cansado da advocacia, e eu ia descansar, só me retemperava na advocacia. Num processo de obstinação patológica. Porque eu sempre a amei, porque ela vive dentro de mim, porque ela está incorporada a mim. Porque ela é minha companheira, porque ela não se descarta de mim, porque ela não me é infiel, porque ela não me dá trégua, porque ela me persegue. E apesar de tudo isso eu a amo.
Procure ler esse discurso falando rápido, como se estivesse querendo fugir de uma perseguição. Assim compreenderá e sentirá melhor a competência da descrição do orador.
Outro comunicador excepcional, que soube como ninguém usar a capacidade para descrever foi o saudoso Fiori Gigliotti. Era um verdadeiro artista da palavra. A maneira como descrevia as jogadas transportava o ouvinte para dentro do campo de futebol.
Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo, torcida brasileira. Era assim que Fiori avisava ao torcedor que o jogo havia terminado. Essa e outras frases marcaram sua longa trajetória narrando jogos de futebol.
Ele sabia como poucos descrever e criar cenas que mexiam com a emoção dos ouvintes. Transformava jogos sem muitos atrativos em espetáculos inesquecíveis.
Um de seus méritos era narrar o jogo exatamente como ele ocorria, só que da maneira como o torcedor gostaria de ouvir. Fazia com que as pessoas se sentissem dentro do estádio, acompanhando lance por lance cada momento da partida. O início já era uma emoção com mais uma de suas famosas frases: 'Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo, torcida brasileira'.
Nós, interioranos, sempre tivemos muito orgulho em ver um jogador que havia pertencido ao nosso time atuando numa grande equipe. Por isso, mexia com esse sentimento ao dizer: 'Balão subindo, balão descendo, cabeça na bola aliviando. Pelé tenta passar e não passa, a bola fica com Dudu, o moooço de Araraquara'.
O encerramento do jogo era mais emocionante ainda, pois o torcedor da equipe que estava vencendo ansiava por aquele momento, enquanto o do time perdedor rezava para que o jogo continuasse, mas, como ele mesmo dizia 'agora não adianta chorar' e encerrava: 'apita o árbitro, fecham-se as cortinas e termina o espetáculo, torcida brasileira'. Que saudade do Fiori Gigliotti!
Em certas circunstâncias a descrição, deve servir apenas para tornar clara determinada informação e ajudar o ouvinte a acompanhar com mais facilidade o desenvolvimento do raciocínio. Em outros momentos, ela deve criar imagens na mente do ouvinte para sensibilizá-lo e envolvê-lo com a proposta da mensagem.
Veja a diferença de dois discursos políticos que falam do mesmo tema. Na hipótese A, embora a mensagem seja verdadeira, dificilmente conseguiria persuadir os eleitores. Na hipótese B, ao usar o recurso da descrição, as chances de conquistar votos são maiores:
A - Se eleito, prometo asfaltar e iluminar as ruas deste bairro.
B - Vocês têm sofrido muito por causa da falta de asfalto e de iluminação. Quando chove, as ruas viram um verdadeiro inferno. Vocês são obrigados a caminhar na lama, sujar os sapatos e a roupa.
Quando faz sol a situação pode ser ainda pior. É só bater o vento e a poeira vai para dentro de casa, sujando a roupa que está no varal, as cortinas, os lençóis da cama.
A falta de iluminação se transformou em motivo de desespero. Quem consegue dormir sossegado enquanto os filhos não chegam do trabalho ou da escola? Quantos já foram assaltados e, infelizmente, até estuprados porque são obrigados a caminhar sozinhos, sem proteção à noite pelas ruas escuras.
Nós podemos mudar essa situação. Basta que me elejam como seu representante na Câmara Municipal. Em outubro, votem em mim para vereador.
A descrição mais detalhada dos fatos pode fazer com que os ouvintes percebam de forma mais clara os problemas que estão enfrentando e se sintam motivados a ter ao seu lado alguém interessado em solucioná-los.
Embora o exemplo tenha sido da fala do político, o recurso da descrição pode ser utilizado em todas as situações.
O risco de quem começa a descrever os detalhes da mensagem com o objetivo de esclarecer ou persuadir os ouvintes é o de cair no outro extremo e se tornar prolixo. Lembre-se de que a cada dia mais as pessoas estão ocupadas, atarefadas e, por isso, exigem apresentações objetivas e diretas.
Essa é uma qualidade que exige muita prática, observação e bom senso. Foi assim que sempre atuou Troncoso Peres nos 50 anos em que freqüentou o tribunal do júri.
Foi assim que agiu Fiori Gigliotti também nos cinqüenta e tantos anos em que esteve à frente dos microfones criando e descrevendo quadros que em muitas ocasiões existiram apenas na imaginação dele.
Fiori partiu há dois anos. Nunca mais vou ouvir aquela voz que me acompanhou durante toda a vida. Ele esteve presente em uma época em que a televisão era privilégio de poucos e podíamos apenas contar com a magia do rádio.
Parece que estou ouvindo sua frase de despedida: 'fecham-se as cortinas e termina o espetáculo, torcida brasileira'. Que pena!

Fonte: Reinaldo Polito