segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Papo Sério



Recortes de revista, lápis coloridos, adesivos e papéis com cheirinho de morango. Foi sentada em uma mesa  cor de rosa idealizando em desenhos como o mundo deveria ser que eu passei uma grande parte da minha infância. Naquela época nada era impossível, nada poderia custar caro, e nenhum sonho era grande o bastante de tal modo que eu não pudesse o alcançar. Eu era a dona do meu destino, e por menor que fosse, ao meu ponto de vista eu poderia sair e ganhar o mundo com inteligência e simpatia, mostrando a cada um o   como é grande o seu valor. Tudo isso sempre pareceu ter muito sentido para mim, até que eu cresci. E percebi o quanto as pessoas mudaram, como o mundo está rápido e descartável, como os sonhos foram de lista de prioridades para lista de delírios. Eu gostaria de saber em que momento permiti que tirassem o meu "eu" de mim mesma, em que momento aprendi a sorrir sem ter vontade, em que momento comecei a sentir vergonha de mostrar quem realmente posso e quero ser. Gostaria de saber quando me anulei em frente ao espelho, para poder enxergar através de uma vitrine. E o pior, aceitando e querendo cada vez mais tudo isso. Hoje eu vejo crianças correndo por aí, se achando donas de si próprias, crianças adultas demais para aproveitar a melhor fase da vida. É irônico como passamos grande parte da infância querendo ser adultos, e o resto da vida desejando retroceder a essa decisão. Eu gostaria de poder restaurar em cada pessoa que vejo passar por mim a vontade de viver, de sorrir. Gostaria que cada um se liberta-se de suas inibições e mostrasse ao mundo o que os motiva, além de papel sobre papel.
Não é possível que o dinheiro tenha comprado a tudo e a todos, deve haver um propósito maior para se viver. Eu espero um dia descobrir, e espero que quando descobrir não esteja velha demais para poder acreditar.

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