sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Papo Sério: O mito do mal governo.




Como todos vocês devem saber eu estou no segundo semestre do curso de Direito, e muito tenho refletido sobre principalmente questões políticas, muito mais até do que antes. Quem me acompanha nas redes sociais sabe que ontem eu tive minha primeira audiência, na qual tive a oportunidade de acompanhar um julgamento e ainda de quebra receber uma cópia do processo. Mas em meio a todo o enredo do crime e sua resolução, o que realmente me chamou a atenção foi o descaso da ré para com o defensor público. A ré em questão era descrita nos autos como analfabeta, e visivelmente percebia-se que ela vivia em uma condição miserável. Durante as acusações da promotoria, enquanto todos os olhares dos outros estudantes estavam focados fixamente a magnitude da estratégia e da presença da promotora (vale a pena dizer que ela foi incrível em sua tese, tanto no desenrolar quanto em seus pedidos e conclusão) eu me reportei a olhar para a ré, percebi que notoriamente ela não tinha o mínimo entendimento do que se passava a li, duvido até que tenha compreendido sua sentença até que seu defensor público a explicasse o resultando (momento em que ela caiu em lágrimas). Mas o que me traz a esta postagem hoje, não é para falar da extrema miséria que sombreava a figura da ré, ou da riqueza com que a promotora fazia sua tese de defesa, mas sim para falar do antagonista de toda essa história; o defensor público. Tratava-se de um rapaz novo, que mesmo ciente das chances de derrota, entrou em cena com grande entusiasmo e demonstrou criatividade e muito jogo de cintura ao arranjar maneiras de justificar a postura da acusada. Isso me fez refletir sobre como é ingrata a defensoria pública, aliás como a população se demonstra ingrata para com os benefícios oferecidos pelo governo. São órgãos de prestações de serviços que diariamente facilitam e dão suporte para milhares de brasileiros, sem nenhum reconhecimento. Deveriam mudar o nome de servidor público para funcionário invisível público. A questão é que o povo se mantém tão acostumado a criticar e cobrar ações do governo que de repente, tudo (e quando digo tudo, é absolutamente tudo mesmo) que acontece de errado, se torna culpa do governo e por efeito dominó, em cima destes trabalhadores que todos os dias fazem com que nosso cotidiano aconteça da melhor forma possível. Seja a rua que está suja, a educação que está "ruim", os políticos que "roubam", ou os advogados que "só enriquecem a nossas custas". Não é eximido que todas estas colocações devem ter algum fundamento, e uma porcentagem de verdade, no entanto, está na hora de parar de apontar com os dedos os defeitos de uma sociedade como culpa de apenas um. O governo não é uma ameba que engloba todo o nosso país e monopoliza toda e qualquer decisão fazendo com que cada pedra fora do lugar, esteja assim por sua vontade. O governo é um organismo vivo do qual todos participamos, seja limpando as ruas, prestando assistência gratuita a pessoas desfavorecidas, em Brasília, ou apenas sendo um cidadão comum. Nós influenciamos em proporções assombrosas em todas as atitudes e medidas aplicadas em nosso país. Somos nós, que cobramos educação, e nos recusamos a ler um livro, ou participar de uma reunião de associação de bairro. Somos nós que criticamos o trabalho do Poder Judiciário, mas nos reportamos aos defensores públicos quando necessitamos deles  e não temos condições de bancar. Então vamos ser a mudança que queremos ver no mundo, como já dizia Ghandi; chega de falar e agir como todos. Vamos ler mais, participar e se tornar um mecanismo fundamental na engrenagem da nossa sociedade. É assim que as mudanças começam, e é assim que se obtém progresso. Por que aí, no momento em que algo estiver indo de afronta ao que consideramos correto não vamos especular, vamos saber tanto quanto criticar, remediar. O governo somos todos nós, se você não gosta do que vê, pense que você mesmo pode estar dando sua contribuição para este declínio.

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